Os distúrbios
dissociativos além de pouco conhecidos geram constantes desentendimentos
entre os profissionais da saúde mental, primeiro por ser pouco
entendida, depois por se usar os mesmos termos para se designar coisas
diferentes.
Como ainda não se chegou a um consenso sobre o assunto, a desavença continua existindo já que os órgãos oficiais de pesquisa de diferentes países ainda não concordam em seus pontos de vista.
Há profissionais que entendem a dissociação como um mecanismo de defesa normal que atinge as pessoas em diferentes graus. Esses profissionais entendem a dissociação como uma habilidade, uma capacidade e não como uma deficiência ou manifestação patológica.
A despersonalização e a desrealização são as manifestações mais comuns no grupo das dissociações, e assim como a ansiedade são aceitas como normais desde que limitadas a situações específicas e não acompanhadas de alguma síndrome psicopatológica. O grande argumento contra a aceitação da despersonalização ou da resrealização como um mecanismo de defesa é que este processo pode surgir espontaneamente, mesmo na ausência de ameaças externas
O DSM-IV define assim as dissociações: "A característica essencial dos Transtornos Dissociativos é uma perturbação nas funções habitualmente integradas de consciência, memória, identidade ou percepção do ambiente. O distúrbio pode ser súbito ou gradual, transitório ou crônico.
A OMS define:"Os transtornos dissociativos ou conversivos, constituem-se na perda parcial ou completa da integração normal entre memória, consciência de identidade, sensação imediata e controle dos movimentos corporais
"Temos
aqui a classificação da OMS dos transtornos dissociativos:
Amnésia Dissociativa: caracterizada por uma incapacidade de recordar informações
pessoais importantes, em geral de natureza traumática ou estressante,
demasiadamente extensa para ser explicada pelo esquecimento normal.
Fuga Dissociativa: caracterizada por uma viagem súbita para longe de casa ou do local habitual de trabalho, acompanhada por uma incapacidade de recordar o próprio passado e confusão acerca da identidade pessoal ou adoção de uma nova identidade.
Estupor Dissociativo: o comportamento do indivíduo é como do estupor com diminuição ou ausência de movimentos voluntários e responsividade normal aos estímulos, só que sem uma base física definida como no estupor usual.
Transtorno de Personalidade Múltipla (Transtorno Dissociativo de Identidade segundo DSM-IV): caracterizado pela presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, que assumem recorrentemente o controle do comportamento do indivíduo, acompanhada por uma incapacidade de recordar importantes informações pessoais e demasiadamente extensa para ser explicada pelo esquecimento normal.
Transtorno de Transe ou Possessão: perda temporária do senso de identidade pessoal sendo preservada a consciência do ambiente, a pessoa age como se tomada por uma força, espírito ou outra personalidade. O diagnóstico não deve ser dado no âmbito religioso.
Transtorno Motor Dissociativo: é a perda total ou parcial da capacidade de mover um membro. Pode manifestar-se como movimentos fracos, lentos ou descoordenados.
Transtorno Dissociativo de Movimento e Sensação: esta é uma classificação especial para os casos que sejam uma mistura de dissociação motora e sensorial.
Convulsões Dissociativas: são também conhecidas como pseudoconvulsões, ou seja, manifestação convulsiva com eletroencefalograma normal.
Anestesia e Perda Sensorial Dissociativa: as formas mais comuns de apresentação desse problema são com comprometimento do tato e da visão, geralmente como visão em túnel, visão borrada, diminuição da acuidade (capacidade de ver detalhes).
A classificação norte-americana é diferente da classificação da OMS quanto à despersonalização e à desrealização. A primeira considera as desrealizações e despersonalizações como pertencentes ao grupo das dissociações enquanto que a OMS a inclui no capítulo dos transtornos somatoformes, estresse e neurótico.
Transtorno de Despersonalização-Desrealização: caracterizado por um sentimento persistente ou recorrente de estar distanciado dos próprios processos mentais ou do próprio corpo, acompanhado por um teste de realidade intacto.
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